Neste escuro sufoco minha alma, passo aquela velha e falsa imagem de um ser sem coração, você sabe que é mentira. entre tantas você é a única que conseguiu me decifrar e eu ainda tento montar seu quebra cabeça, parte por parte.
Teus olhos, sim eles, não há como falar de sua senhoria sem falar dos mesmos, tão azuis e primorosos que ao olha-lo atentamente, é possível enxergar o seu tempo, o seu eu, a sua alma, e seu coração.É possível falar contigo sem me perder em meio a tantas palavras? É como se todas as frases que planejei dizer fossem embaralhadas por uma tsunami, bagunçando-as, minha pele soa, meu coração bate mais rápido, o tempo passa mais devagar, eu preciso te ter, mas para onde minhas atitudes irão me levar? Por quê o medo, se ele nada mais é do que uma ilusão que nós criamos?
Me afogue novamente neste mar de ilusões, mate-me, ou deixe-me tocar em teus lábios novamente, sentir sua pele branca, o calor do seu abraço,sua respiração, seus arranho em minhas costas, mexer em teus cabelos negros molhados, vamos caminhar na chuva apenas mais uma vez.
Você não entende, mas eu só quero resgata-la, pois sei que esta presa em outra ilusão assim como eu, de certa forma, eu sinto que sou o único que posso te socorrer, você sabe meu amor, seus olhos são apenas meus, mais ninguém tem o direito de tê-los, apenas eu!
Minha "branquela", meus olhos, meu ar.
"Ilumine minha alma novamente com seu olhar."
Por: Nicky Nihilist
Identidade
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sexta-feira, 7 de março de 2014
terça-feira, 4 de fevereiro de 2014
Fuga!
Já me esqueci do tempo
Tempo que fechava meus olhos
Pensamentos fluíam por tantas palavras
Insignificantes ou não
Era a minha libertação
Agora entro novamente neste jogo
Vamos ver quem se machuca primeiro
O jogo do amar e do odiar
Lembro de suas palavras
Permanentes e inconscientes
Fruto de um passado distante
Ou não
Isso pouco importa
Espere aqui
Prove minhas hipóteses
Liberte-me deste tormento
Que você me impôs
Nada sei do que devo
Nada sei do que me impede
Feche meus olhos
Apenas mais uma vez
Prenda-me neste mundo de ilusões
Tire-me desta realidade, crua
Suja e errônea
Quero ir aonde minha mente chega
E meu corpo não deixa
Casca inútil
Deixa-me gritar
Fluir perante o mar
Deixe os ventos me lavarem
Deixe o sol me congelar
Deixe as notas me purificarem
Deixe o amor me odiar
Agora é tempo de crescer
Amadurecer, mas...
O que?
Por: Nicky Nihilist
Tempo que fechava meus olhos
Pensamentos fluíam por tantas palavras
Insignificantes ou não
Era a minha libertação
Agora entro novamente neste jogo
Vamos ver quem se machuca primeiro
O jogo do amar e do odiar
Lembro de suas palavras
Permanentes e inconscientes
Fruto de um passado distante
Ou não
Isso pouco importa
Espere aqui
Prove minhas hipóteses
Liberte-me deste tormento
Que você me impôs
Nada sei do que devo
Nada sei do que me impede
Feche meus olhos
Apenas mais uma vez
Prenda-me neste mundo de ilusões
Tire-me desta realidade, crua
Suja e errônea
Quero ir aonde minha mente chega
E meu corpo não deixa
Casca inútil
Deixa-me gritar
Fluir perante o mar
Deixe os ventos me lavarem
Deixe o sol me congelar
Deixe as notas me purificarem
Deixe o amor me odiar
Agora é tempo de crescer
Amadurecer, mas...
O que?
Por: Nicky Nihilist
quarta-feira, 25 de setembro de 2013
Corda
Um céu limpo, são poucas as nuvens que se atrevem a tampar este gigante azul claro, porém algo ofusca meus olhos, e ali está ele, dois olhos raivosos observando-nos durante nossa queda, o que será tais olhos?Por que seu olhar de raiva, nos olhando com um imenso desprezo e superioridade?
Alguns passam sua queda inteira apenas adorando-o, seguram com força tudo que acreditaram, porém esquecem que no final, não terá força para segurar nada, o impacto é grande.
Alguns tem uma corda pequena e acabam criando ilusões e mentiras para simplesmente deixar de acreditar, tampam seus olhos com ferocidade, e não há nada, nem ninguém que possa convence-lo do contrário, sua corda é enorme, não adianta discutir, a dor da verdade é forte de mais.
Todos procuram uma forma de preencher seu vazio durante a enorme descida, se agarram em teorias, mentiras, opiniões, adrenalina, amor, sabedoria, ódio, drogas, paz, e outros como eu, apenas fecham os olhos, apreciando tudo que é de menor importância, desde de o vento forte batendo em meu rosto, há esta corda amarrada em meu pescoço.
Há também os loucos e cruéis. Enforcam pessoas em sua própria corda, porém não percebem que com isso sua corda diminui, outros amarram sua própria corda para que o impacto chegue mais rápido, há os "animais" que amarram a corda de outras pessoas algumas vezes por pura inveja ou cobiça.
Não sei quando, como e aonde começou esta eterna descida, muito menos quem fez este laço em meu pescoço. Será que foi o olho? É possível ele ser apenas uma ilusão? Será ele um monte de mentiras, porém foram tantas as blasfêmias que ele se concretizou, materializou-se do nada, se isto é verdade...
então nós o criamos...e por que ele não cai junto conosco?
São tantas as perguntas que levarei para o grande impacto, e tão deprimente saber que nada restará.
Porém entre tantas opções, ainda penso...e se eu apenas cortar a minha corda?
"O que será a corda? O que será o impacto? O que será o olho? O que será que nós somos?"
Por: Nicky
Alguns passam sua queda inteira apenas adorando-o, seguram com força tudo que acreditaram, porém esquecem que no final, não terá força para segurar nada, o impacto é grande.
Alguns tem uma corda pequena e acabam criando ilusões e mentiras para simplesmente deixar de acreditar, tampam seus olhos com ferocidade, e não há nada, nem ninguém que possa convence-lo do contrário, sua corda é enorme, não adianta discutir, a dor da verdade é forte de mais.
Todos procuram uma forma de preencher seu vazio durante a enorme descida, se agarram em teorias, mentiras, opiniões, adrenalina, amor, sabedoria, ódio, drogas, paz, e outros como eu, apenas fecham os olhos, apreciando tudo que é de menor importância, desde de o vento forte batendo em meu rosto, há esta corda amarrada em meu pescoço.
Há também os loucos e cruéis. Enforcam pessoas em sua própria corda, porém não percebem que com isso sua corda diminui, outros amarram sua própria corda para que o impacto chegue mais rápido, há os "animais" que amarram a corda de outras pessoas algumas vezes por pura inveja ou cobiça.
Não sei quando, como e aonde começou esta eterna descida, muito menos quem fez este laço em meu pescoço. Será que foi o olho? É possível ele ser apenas uma ilusão? Será ele um monte de mentiras, porém foram tantas as blasfêmias que ele se concretizou, materializou-se do nada, se isto é verdade...
então nós o criamos...e por que ele não cai junto conosco?
São tantas as perguntas que levarei para o grande impacto, e tão deprimente saber que nada restará.
Porém entre tantas opções, ainda penso...e se eu apenas cortar a minha corda?
"O que será a corda? O que será o impacto? O que será o olho? O que será que nós somos?"
Por: Nicky
segunda-feira, 29 de julho de 2013
Vida
Existe algo mais belo? É totalmente primorosa suas diversas formas, personalidades, incrível como as coisas mais lindas podem tornar-se as mais horríveis em questão de poucos metros de distância. Desperdiçar tal presente, seja divino ou não, é um crime tão pior que roubar de outro. Algo tão fácil de se fazer, roubar, tirar, esmagar ou desperdiçar uma vida inteira.
Sem saber para onde ir, são infinitas as possibilidades de caminhos diferentes que posso tomar. Estou em uma fase totalmente importante da minha vida, porém por que ela ganha este titúlo? Será mesmo este o momento em que decidirei uma longa parte da mesma?
Por que nesta sociedade totalmente capitalista em que nasci, me faz pensar que esta fase onde escolherei minha fonte de ganhar a comida que darei para os porcos que estão no poder, ser uma das mais importantes da minha vida inteira?
Um macaco pula de galho em galho, não consigo faze-lo sentar, parar e relaxar, para assim organizar e pensar no que fazer. Minha mente precisa de mais disciplina, porém onde está minha iniciativa de adestra-la? De fazer acontecer?
O que torna meus sonhos tão difíceis de alcançar? Acabo criando eu mesmo barreiras totalmente ilusórias, porém por acreditar tanto que ela está ali, a tão temida parede se materializa, não é mais uma coisa apenas psicológica, se torna algo físico, nuvens cobre seu topo,sua sombra cobre tanto a lua quanto o sol. Mas de certa forma eu sei que se acreditar novamente, terei força para quebra-la, ou até mesmo atravessa-la sem uso de qualquer força bruta.
Mas nada é tão fácil, ás vezes acredito que por sermos seres tão complexos, acabamos colocando tais barreiras em coisas que são tão fáceis, e as tornamos complexas e de difícil passagem e entendimento.
E isto se torna um ciclo vicioso, que aos poucos consome sua mente, como um vampiro que vai sugando sua energia vital, até não sobrar nada, apenas uma casca ambulante, gerando "lucro" para os detentores do falso poder, e assim o pouco que resta da sua mente te convence que é possível ser feliz deste jeito, sem aqueles sonhos que antes eram demasiados importantes, hoje não passam de meras infantilidades, fruto da imaginação fértil de um ser que já habitou você, porém você o largou, desistiu, cansou.
E assim você vive, até a casca que sobrará começar a apodrecer, e seus olhos que viram tanto porém não viram nada, fecharem para sempre, segredos, dores, experiências, alegrias, histórias e mais histórias, muitas perdidas e enterradas com você.
"Sua vida é chata, triste, legal, divertida, tediosa, louca, deprimente...por quê VOCÊ, há torna assim"
Por: Nicky
Sem saber para onde ir, são infinitas as possibilidades de caminhos diferentes que posso tomar. Estou em uma fase totalmente importante da minha vida, porém por que ela ganha este titúlo? Será mesmo este o momento em que decidirei uma longa parte da mesma?
Por que nesta sociedade totalmente capitalista em que nasci, me faz pensar que esta fase onde escolherei minha fonte de ganhar a comida que darei para os porcos que estão no poder, ser uma das mais importantes da minha vida inteira?
Um macaco pula de galho em galho, não consigo faze-lo sentar, parar e relaxar, para assim organizar e pensar no que fazer. Minha mente precisa de mais disciplina, porém onde está minha iniciativa de adestra-la? De fazer acontecer?
O que torna meus sonhos tão difíceis de alcançar? Acabo criando eu mesmo barreiras totalmente ilusórias, porém por acreditar tanto que ela está ali, a tão temida parede se materializa, não é mais uma coisa apenas psicológica, se torna algo físico, nuvens cobre seu topo,sua sombra cobre tanto a lua quanto o sol. Mas de certa forma eu sei que se acreditar novamente, terei força para quebra-la, ou até mesmo atravessa-la sem uso de qualquer força bruta.
Mas nada é tão fácil, ás vezes acredito que por sermos seres tão complexos, acabamos colocando tais barreiras em coisas que são tão fáceis, e as tornamos complexas e de difícil passagem e entendimento.
E isto se torna um ciclo vicioso, que aos poucos consome sua mente, como um vampiro que vai sugando sua energia vital, até não sobrar nada, apenas uma casca ambulante, gerando "lucro" para os detentores do falso poder, e assim o pouco que resta da sua mente te convence que é possível ser feliz deste jeito, sem aqueles sonhos que antes eram demasiados importantes, hoje não passam de meras infantilidades, fruto da imaginação fértil de um ser que já habitou você, porém você o largou, desistiu, cansou.
E assim você vive, até a casca que sobrará começar a apodrecer, e seus olhos que viram tanto porém não viram nada, fecharem para sempre, segredos, dores, experiências, alegrias, histórias e mais histórias, muitas perdidas e enterradas com você.
"Sua vida é chata, triste, legal, divertida, tediosa, louca, deprimente...por quê VOCÊ, há torna assim"
Por: Nicky
domingo, 30 de junho de 2013
Devaneio de uma Mente Lúcida. II
Ao som de um suspiro fecho meus olhos
Refletindo sobre o caos e a desordem
Organismos desorganizados
Mentes sem destino
Procurando caminhos incertos
Na imensidão até então inexplorada
Enquanto porcos sujos dão suas gargalhadas
Subjugando minha alma e meu corpo
Há padrões e leis que não me fazem sentido
E portanto reflito.
Sons que cada vez mais me possuem
Existindo, destruindo.
Vômito de palavras aleatórias
Sentido não faz.
Apenas para quem vaga para o escuro
O além, o desconhecido
Para o medo
Medo de se distrair e dormir
Medo de despertar e ouvir
Medo de abrir o coração e sentir
Medo de abrir os olhos enxergar
Medo de odiar
Medo de amar
Uma mente lúcida em puro devaneio
Sem saber o que falar
Apenas seguindo a música
Notas me dizem o que fazer
O que escrever!
Sem ela nada sou, não existiria,
Me criou e domesticou
Servindo ao seu propósito
Assim como um crente segue seu deus
No meio de tanto ódio.
Por: Nicky
Refletindo sobre o caos e a desordem
Organismos desorganizados
Mentes sem destino
Procurando caminhos incertos
Na imensidão até então inexplorada
Enquanto porcos sujos dão suas gargalhadas
Subjugando minha alma e meu corpo
Há padrões e leis que não me fazem sentido
E portanto reflito.
Sons que cada vez mais me possuem
Existindo, destruindo.
Vômito de palavras aleatórias
Sentido não faz.
Apenas para quem vaga para o escuro
O além, o desconhecido
Para o medo
Medo de se distrair e dormir
Medo de despertar e ouvir
Medo de abrir o coração e sentir
Medo de abrir os olhos enxergar
Medo de odiar
Medo de amar
Uma mente lúcida em puro devaneio
Sem saber o que falar
Apenas seguindo a música
Notas me dizem o que fazer
O que escrever!
Sem ela nada sou, não existiria,
Me criou e domesticou
Servindo ao seu propósito
Assim como um crente segue seu deus
No meio de tanto ódio.
Por: Nicky
sexta-feira, 14 de junho de 2013
Little Wing
Viajando, perdido na imensidão do espaço tempo,simples mente não era permitido me mexer, qualquer brusco movimento poderia lhe matar, até que por um breve momento decide finalmente abrir os olhos e enxergar, percebendo sua pobreza, figuras de monstros feios mandando e chicoteando tantos outros perdidos assim como ele, não conseguiam se mexer e nem abrir os olhos, porém tudo isto muda.
Ao toque suave de uma nota, não se sabe até hoje se foi algum tipo de instrumento divino ou grito, a maioria que estava ali sendo chicoteada, pisada e torturada acorda. Todos perplexos, olhando aqueles porcos, por que deixaram por tanto tempo aquilo acontecer? Qual era mesmo o motivo? nada se explicava até aquele presente. Uma pequena asa é lhes dada, e agora, os mesmo porcos que os torturavam tentam de qualquer jeito agarra-los e cortas as mesmas, não se pode deixar as asas crescer,elas são temidas pelos grandes senhores! Mas o que são estas tão temidas asas?
Um grande eremita antes julgado por todos que estavam dormindo vos avisará sobre ela, mas qual eram suas palavras?Nós os considerávamos loucos, e agora somos taxados assim como ele por querermos um lugar melhor para nossos filhos, por basicamente querermos sonhar, será este o tal significado da asa? eles nos querem arrancar sonhos?Esperança? Liberdade? Uma guerra que põe em risco nossa liberdade de expressão.
Devemos deixar tais asas crescerem? Ou permitimos arrancarem? Uma parte em meu interior diz para deixa-los arrancar, mas EU não quero, não posso, sou cidadão deste lugar, devo lutar pelos "vagabundos" que estão ao meu lado, e pelos que não estão, pelos fantoches que gostariam de estar ali lutando também, mas tem que trabalhar a serviço de opressores e ainda serem julgados por portadores da "falsa asa" como os opressores, sendo que apenas recebem ordens, lutar pelos que em seu profundo sonos acomodados, assistem aquela caixa colorida de formas estranhas que os deixam cada vez mais sonolentos e assim em seus sonhos nos chamam de loucos, bárbaros! Devemos deixar nossas asas crescerem por TODOS! Pelo passado, presente e futuro.
"Se sou taxado de vagabundo, bárbaro, escroto, ridículo, e todos os outros xingamentos possíveis e impossíveis, por sonhar e lutar por algo melhor para mim e para você, prefiro ser taxado de tais argumentos injustos do que mergulhar em sono profundo que passei tanto tempo.Sou cidadão deste lugar, luto por ele, diferente de você!"
Por: Nicky Nihilist
Ao toque suave de uma nota, não se sabe até hoje se foi algum tipo de instrumento divino ou grito, a maioria que estava ali sendo chicoteada, pisada e torturada acorda. Todos perplexos, olhando aqueles porcos, por que deixaram por tanto tempo aquilo acontecer? Qual era mesmo o motivo? nada se explicava até aquele presente. Uma pequena asa é lhes dada, e agora, os mesmo porcos que os torturavam tentam de qualquer jeito agarra-los e cortas as mesmas, não se pode deixar as asas crescer,elas são temidas pelos grandes senhores! Mas o que são estas tão temidas asas?
Um grande eremita antes julgado por todos que estavam dormindo vos avisará sobre ela, mas qual eram suas palavras?Nós os considerávamos loucos, e agora somos taxados assim como ele por querermos um lugar melhor para nossos filhos, por basicamente querermos sonhar, será este o tal significado da asa? eles nos querem arrancar sonhos?Esperança? Liberdade? Uma guerra que põe em risco nossa liberdade de expressão.
Devemos deixar tais asas crescerem? Ou permitimos arrancarem? Uma parte em meu interior diz para deixa-los arrancar, mas EU não quero, não posso, sou cidadão deste lugar, devo lutar pelos "vagabundos" que estão ao meu lado, e pelos que não estão, pelos fantoches que gostariam de estar ali lutando também, mas tem que trabalhar a serviço de opressores e ainda serem julgados por portadores da "falsa asa" como os opressores, sendo que apenas recebem ordens, lutar pelos que em seu profundo sonos acomodados, assistem aquela caixa colorida de formas estranhas que os deixam cada vez mais sonolentos e assim em seus sonhos nos chamam de loucos, bárbaros! Devemos deixar nossas asas crescerem por TODOS! Pelo passado, presente e futuro.
"Se sou taxado de vagabundo, bárbaro, escroto, ridículo, e todos os outros xingamentos possíveis e impossíveis, por sonhar e lutar por algo melhor para mim e para você, prefiro ser taxado de tais argumentos injustos do que mergulhar em sono profundo que passei tanto tempo.Sou cidadão deste lugar, luto por ele, diferente de você!"
Por: Nicky Nihilist
quarta-feira, 12 de junho de 2013
Aos que Ainda Sabem Sonhar
O fundamental não é lutar pelo direito de fumar maconha em paz na sala da sua casa. O fundamental não é o direito de andar vestida como uma vadia sem ser agredida por machos boçais que acham que têm esse direito porque você está "disponível". O fundamental não é garantir a opção de um aborto assistido para as mulheres que foram vítimas de estupro ou que correm risco de vida. O fundamental não é impedir que a internação compulsória de usuários de drogas se transforme em ferramenta de uma política de higienismo social e eliminação estética do que enfeia a cidade. O fundamental não é lutar contra a venda da pena de morte e da redução da maioridade penal como soluções finais para a violência. O fundamental não é esculachar os torturadores impunes da ditadura. O fundamental não é garantir aos indígenas remanescentes o direito à demarcação das suas reservas de terras. O fundamental não é o aumento de 20 centavos num transporte público que fica a cada dia mais lotado e precário.
O fundamental é que estamos vivendo uma brutal ofensiva do pensamento conservador, que coloca em risco muitas décadas de conquistas civilizatórias da sociedade brasileira.
O fundamental é que sob o manto protetor do "crescimento com redução das desigualdades" fermenta um modelo social que reproduz – agora em escala socialmente ampliada – o que há de pior na sociedade de consumo, individualista ao extremo, competitiva, ostentatória e sem nenhum espaço para a solidariedade.
O fundamental é que a modesta redução da nossa brutal desigualdade social ainda não veio acompanhada por uma esperada redução da violência e da criminalidade, muito pelo contrário. E não há projeto nacional de combate à violência que fuja do discurso meramente repressivo ou da elegia à truculência policial.
O fundamental é que a democratização do acesso ao ensino básico e à universidade por vezes deixam de ser um instrumento de iluminação e arejamento dos indivíduos e da própria sociedade, e são reduzidos a uma promessa de escada para a ascensão social via títulos e diplomas, ao som de sertanejo universitário.
O fundamental é que os políticos e grandes partidos antigamente ditos "libertários" e "de esquerda" hoje abriram mão de disputar ideologicamente os corações e mentes dos jovens e dos novos "incluídos sociais" e se contentam em garantir a fidelidade dos seus votos nas urnas, a cada dois anos.
O fundamental é que os políticos e grandes partidos antigamente ditos "sociais-democratas" já não tem nada a oferecer à juventude além de um neo-udenismo moralista que flerta desavergonhadamente com o autoritarismo e o fascismo mais desbragados.
O fundamental é que a promessa da militância verde e ecológica vai aos poucos rendendo-se aos balcões de negócio da velha política partidária ou ao marketing politicamente correto das grandes corporações.
O fundamental é que a promessa da militância verde e ecológica vai aos poucos rendendo-se aos balcões de negócio da velha política partidária ou ao marketing politicamente correto das grandes corporações.
O fundamental é que os sindicatos, movimentos populares e organizações estudantis estão entregues a um processo de burocratização, aparelhamento e defesa de interesses paroquiais que os torna refratários a uma participação dinâmica, entusiasmada e libertária.
O fundamental é que temos em São Paulo um governo estadual que é francamente conservador e repressivo, ao lado de um governo federal que é supostamente "progressista de coalizão". Mas entre a causa da liberação da maconha e defesa da internação compulsória, ambos escolhem a internação. Entre as prostitutas e a hipocrisia, ambos ficam com a hipocrisia. Entre os índios e os agronegócio, ambos aliam-se aos ruralistas. Entre a velha imprensa embolorada e a efervescência libertária da Internet, ambos namoram com a velha mídia. Entre o estado laico e os votos da bancada evangélica, ambos contemporizam com o Malafaia. Entre Jean Willys e Feliciano, ambos ficam em cima do muro, calculando quem pode lhes render mais votos.
O fundamental é que o temor covarde em expor à luz os crimes e julgar os aqueles agentes de estado que torturaram e mataram durante da ditadura acabou conferindo legitimidade a auto-anistia imposta pelos militares, muitos dos quais hoje se orgulham publicamente dos seus crimes bárbaros – o que nos leva a crer que voltarão a cometê-los se lhes for dada nova oportunidade.
O fundamental é que vivemos numa sociedade que (para usar dois termos anacrônicos) vai ficando cada vez mais bunda-mole e careta. Assustadoramente careta na política, nos costumes e nas liberdades individuais se comparada com os sonhos libertários dos anos 1960, ou mesmo com as esperanças democráticas dos anos 1980. Vivemos uma grande ofensiva do coxismo: conservador nas ideias, conformado no dia-a-dia, revoltadinho no trânsito engarrafado e no teclado do Facebook.
O fundamental é que nenhum grupo político no poder ou fora dele tem hoje qualquer nível mínimo de interlocução com uma parte enorme da molecada – seja nas universidades ou nas periferias – que não se conforma com a falta de perspectivas minimamente interessantes dentro dessa sociedade cada vez mais bundona, careta e medíocre.
Os mesmos indignados que se esgoelam no mundo virtual clamando que a juventude e os estudantes "se levantem" contra o governo e a inação da sociedade, são os primeiros a pedir que a tropa de choque baixe a borracha nos "vagabundos" quando eles fecham a 23 de Maio e atrapalham o deslocamento dos seus SUVs rumo à happy-hour nos Jardins.
Acuados, os políticos "de esquerda" se horrorizam com as cenas de sacos de lixo pegando fogo no meio da rua e se apressam a condenar na TV os atos de "vandalismo", pois morrem de medo que essas fogueiras causem pavor em uma classe média cada vez mais conservadora e isso possa lhes custar preciosos votos na próxima eleição.
Enquanto isso a molecada, no seu saudável inconformismo, vai para as ruas defender – FUNDAMENTALMENTE – o seu direito de sonhar com um mundo diferente. Um mundo onde o ensino, os trens e os ônibus sejam de qualidade e gratuitos para quem deles precisa. Onde os cidadãos tenham autonomia de decidir sobre o que devem e o que não devem fumar ou beber. Onde os índios possam nos mostrar que existem outros modos de vida possíveis nesse planeta, fora da lógica do agribusiness e das safras recordes. Onde crenças e religião sejam assunto de foro íntimo, e não políticas de Estado. Onde cada um possa decidir livremente com quem prefere trepar, casar e compartilhar (ou não) a criação dos filhos. Onde o conceito de Democracia não se resuma à obrigação de digitar meia dúzia de números nas urnas eletrônicas a cada dois anos.
Sempre vai haver quem prefira como modelo de estudante exemplar aquele sujeito valoroso que trabalha na firma das 8 da manhã às 6 da tarde, pega sem reclamar o metrô lotado, encara mais quatro horas de aulas meia-boca numa sala cheia de alunos sonolentos em busca de um canudo de papel, volta para casa dos pais tarde da noite para jantar, dormir e sonhar com um cargo de gerente e um apartamento com varanda gourmet.
Não é meu caso. Não tenho nem sombra de dúvida de que prefiro esses inconformados que atrapalham o trânsito e jogam pedra na polícia. Ainda que eles nos pareçam filhinhos-de-papai, ingênuos em seus sonhos, utópicos em suas propostas, politicamente manobráveis em suas reivindicações, irresponsavelmente seduzidos pelos provocadores de sempre.
Desde a Antiguidade, esses jovens ingênuos e irresponsáveis são o sal da terra, a luz do sol que impede que a humanidade apodreça no bolor da mediocridade, na inércia do conformismo, na falta de sentido do consumismo ostentatório, nas milenares pilantragens travestidas de iluminação espiritual.
Esses moleques que tomam as ruas e dão a cara para bater incomodam porque quebram vidros, depredam ônibus e paralisam o trânsito. Mas incomodam muito mais porque nos obrigam a olhar para dentro das nossas próprias vidas e, nessa hora, descobrimos que desaprendemos a sonhar
Por: André Borges Lopes
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